sexta-feira, 19 de junho de 2009

Reticência




Escrita ausente e omissa de coisas que se deviam ou podiam dizer. Sobrando apenas a estrutura.

Papel Apergaminhado 90 g/m²
Encadernação Francesa
Dimensões: A 19 x L 29,7 x P 3,2 cm
Tiragem: 5 exemplares
2008
Plástico



Uma proposta antropofágica entre papel e plástico.

Papel Soft Pólen 90 g/m² (diversas cores)
Saco plástico culinário
Encadernação Francesa
Dimensões: A 21,5 x L 35,5 x P 3,5 cm
Tiragem: 5 exemplares
2008

Isto






Trata de fraturas na narrativa. Onde se apresenta uma fratura humana ou um evento ósseo a cada quebra dentro de uma narrativa coesa.


Papel Craft 90 g/m² /Acetato /Apergaminhado 75 g/m²
Encadernação Francesa
Dimensões: A 12,7 x L 21 x P 1,5 cm
Tiragem: Única
2008

Buraco


Livro inabitado, Espaço vazio, cavidade ou depressão, natural ou artificial, de profundidade variável, apresentada por um corpo, uma superfície, oco, natural ou escavado, em que se abriga uma pessoa ou se aloja um animal, local retirado, muitas vezes sem as comodidades do progresso; lugar isolado. Lugar de habitação reles, pobre e/ou pequeno, ou de má reputação, qualquer local de moradia; residência, escavação onde se enterra um cadáver, lanho ou ferimento profundo, pequena cova. Abertura transfixante, acidentalmente causada ou não, num corpo sólido, num objeto abertura estreito que atravessa em toda a profundidade um corpo sólido; fresta, frincha solução de continuidade na trama de tecido, plástico ou similar, devido ao uso ou a causa acidental, designação de diversos orifícios ou canais natômicos, o ânus. Sentimento de falta ou de perda de alguma coisa ou pessoa; vazio, falta, vácuo. Falha de memória, branco, sensação de fome, problema, dificuldade depressão psicológica ou moral; lacuna. Espaço vazio por falta de matéria ou por erro de diagramação. No fluxo de representação de uma peça; branco indivíduo sem aptidão para nada...O buraco é um espaço em que vive O NADA e que hospeda o espectador.









Papel off set 150 g/m² / vegetal 60 g/m²/ Apergaminhado 63 g/m²
Encadernação Francesa
Dimensões: A 22,5 x L 20,7 x P 2,8 cm.
Tiragem: Única
2008

AZ PARA MANGA






Livro metáfora. Todos, precisamos de Az nas manga, neste livro contem sessenta azes para serem utilizados da maneira que lhe convir, sabendo que de nada valera. Apenas destruirá o livro.



Papel Craft 200 g/m²
Encadernação Francesa
Dimensões: A 18 x L 33 x P 2,1 cm.
Tiragem: 5 exemplares

2008

Lugar

Como pontos e linhas imaginárias Lugar é um ponto do mundo onde se realizam algumas ações livres de identidades. Uma coisa dissolvida entre o tudo e/ou o nada, que de tão suave, fina... deixa de existir, finda, pelo fato de ser impossível medir a distância e o peso do que pode ser considerado tudo, e do que pode ser nada. Essas partes coexistem no mesmo local, ocupam o mesmo ‘espaço’, é apenas uma questão de “como” se equilibrar nesta linha, que de tanto não existir está por toda parte. É algo concreto e completamente abstrato. Fragmentado, por se tratar de várias possibilidades dentro deste livro, probabilidades, pontos de vista sobre o significado para lugar. Irreal e extremamente comum. Um lugar não espacial, não geográfico.

Papel Apergaminhado 75 g/m²
Encadernação Francesa
Dimensões: A 14,18 x L 14,8 x P 1,4 cm.
Tiragem: 10 exemplares
2008

Quando





Antes de qualquer coisa, a sonoridade da palavra e algo barbitúrico. Livro sem ocasião e duração definida, que trata de repetição, sendo impressa a palavra quando uma única vez em cada pagina de maneira idêntica e indulgente por ser impresso preto em papel preto. E uma palavra multiplamente oportuna, se encaixa em qualquer lugar, atemporal, dispensa interrogação, é independente. Quando é uma incógnita do âmbito da angustia, da espera constante que não se sabe, de vai... ou não.



Papel off set 150 g/m²
Encadernação Francesa
Dimensões: A 26 x L 21x P 2,3 cm.
Tiragem: Única
2008

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Aderência

Há chiclete por todo o piso da Rodoviária do Plano Piloto em Brasília. Os chicletes são rastros de gestos cotidianos que se inscrevem como acontecimento, deixando marcas, pistas, memórias; São abandonos absorvidos pela paisagem, corpos inscritos de vestígios, fragmentos de um rizoma em um suporte que insiste na resistência.
A obra é gerada na invisibilidade dos passantes. Torna-se campo semântico e metafórico no que diz respeito à velocidade e à morte da massa corpórea. Potência de contaminação de tudo: o Espaço inscrito por vestígios de gestos revela-se obra de arte em trânsito permanentemente.
É o gesto, promovido na displicência dos passantes pelo contexto, que gera a obra que a cada momento se refaz. A obra convida a novos passantes a repetirem o gesto em um novo ponto desse lugar a ser recoberto, recomposto com chiclete.
O espaço público, formado por marcas dos seus usuários, promove intimidade entre fatias de mundo que dificilmente se encontrariam. Atrações estranhas, tensão erótica, montagens inusitadas, hibridações. Quando obra e ambiente se encontram, há uma sutil sedução entre os elementos que os constituem; desnaturaliza-se um pedaço de mundo; mostra-se em avesso.
O caráter transitório está presente nas combinações e recombinações de suas ADERÊNCIAS; work in process. Às vezes são apenas pedaços de obra que se atualizam em novas composições: estruturas que retornam. Às vezes, obras inteiras. Às vezes elas mudam de nome a cada reatualização. Às vezes não. [...] Às vezes uma obra se junta com outra e até com mais uma e, neste cruzamento, germina outra ainda, desconhecida. A permanência está na repetição, às vezes por anos a fio. Ora ficam anos sem reaparecer, hibernam adormecidos no esquecimento.
A tecnologia do local se caracteriza pelo comprar, mascar, jogar, imprimir seu DNA em placas únicas; monotípicas, e se deliciar com o que não se sabe, o não saber que produziu, e deixar pra traz sua marca/obra. Deixa partes de si mesmo aos cuidados do tempo e do esquecimento. Contudo o autor se transforma e a obra se estaguina por sua rejeição do mesmo.
A obra como instrumento de fuga do espaço da arte; instauração de uma ligação entre o espaço do museu e o espaço da rua, na busca por um museu cotidiano, instaura uma confusão no mapa dominante, ao qual os personagens transeuntes, aqui autores incógnitos de um fazer artístico encontrados pelo artista, em sua maioria não estariam inseridos.O acontecimento foi uma abertura oficial, mesmo que tardia, de um fazer artístico cotidiano que teve seu início quando o primeiro transeunte jogou o primeiro chiclete, não se sabe quando nem se conhece sua identidade, mas é possível apreciar os vestígios de seu gesto primeiro que se repete em tantos outros autores incógnitos.





Logo...

O que se propõe com Aderência é antes de tudo um acontecimento: rastros do gesto como inscrição de acontecimentos no espaço, corpo inscrito de vestígios, pistas, memórias e abandonos.
Esse acontecimento é gerado pelo olhar que identifica no cotidiano possíveis acontecimentos como arte. O olhar sobre cada uma das singularidades que transitam e deixam marcas que são a obra. Há chicletes por toda parte.
Do olhar do artista e dos espectadores/autores sobre os chicletes como possíveis fazeres artísticos cotidianos no espaço da rodoviária do Plano Piloto, em Brasília, um primeiro recorte territorial, que se torna obra de arte, a partir do dia 20 de junho de 2007, e se estende até não haver mais chicletes sobre o seu piso. Onde houver um ou mais chicletes reunidos, em qualquer lugar ou época, a obra estará presente transitória e permanente em suas aderências.